Num mundo que está ficando cada vez mais crítico e “politicamente correto” os contos de fadas perdem lugar nas estantes ou cabeceiras e vão para um reino tão, tão distante, já pensou nisto?
O “Era uma vez…” perdeu força nas narrativas e nas noites, onde haviam crianças de olhos e ouvidos bem atentos para a história que iam lhes contar antes de dormir.
Aliás não foi só o “Era uma vez…”, mas todo tipo de leitura que embalaram sonos de muitas gerações parece ter sido substituído por aparelhos eletrônicos.
Em 2006 enquanto arrumava o acervo de gibis em uma escola que trabalhava eu achei um gibi da Turma do Sítio do Picapau Amarelo que contava uma história da Emília que encontrou a Cinderela sentada chorando.
Emília se aproxima de Cinderela e pergunta o por que daquele choro, Cinderela entre soluços diz a Emília que ela está presa ali porque as crianças não terminavam mais as histórias então “eles, personagens” ficavam presos, pois tinham sido substituídos pela Tv ou pelo videogame.
A historinha em quadrinhos era sensacional, vários personagens passam por aquelas tirinhas e iam narrando seus sufocos poque as crianças e nem os pais liam mais para os filhos e assim o mundo da fantasia estava desaparecendo.
Aquela historinha em quadrinhos marcou minha jornada biblioteconômica. Naquele mesmo ano eu montei uma peça de teatro com as crianças da escola com o enredo daquela história em quadrinho e por todos os lugares que passei que tinha publico infantil eu fiz questão de levar esta experiência.
Mas porque estou falando tudo isto. Inúmeras pesquisas já foram feitas e publicadas, assim como inúmeros artigos de revista, jornal ou livros sobre o assunto existem para falar do tema de quão importante para o desenvolvimento do ser humano que é adquirir o hábito de leitura, e que seja o mais cedo possível.
Começar estimular a criança na primeira infância é de suma importância com relação a leitura. Os pais modernos que tem menos tempo para ficarem com seus filhos tem deixado esta responsabilidade com a escola. Sim a escola é importantíssima nesta função, mas o leitor nasce em casa, no colo dos pais, no aconchego do ninho.
Há dois anos estava trabalhando em uma outra escola e tínhamos um projeto muito legal de estimulo de leitura, em que a crianças levavam livros para casa e seus pais eram “convidados” a ler com elas e pedir que a criança reproduzisse a história. Depois nos reuníamos em uma roda de leitura para quem se sentisse à vontade contar sua história e a experiência com a leitura em família.
O propósito do projeto era dois, o primeiro de realmente estimular o contado da família com a leitura compartilhada e o segundo era de fazer a criança desinibir ao falar para sala sobre a sua história trabalhado a compreensão e a imaginação.
Mas nem tudo foram flores neste projeto, pois era decepcionante quando a criança nos contava que seus pais não haviam lido o livro porque não tiveram tempo. Teve um relato de uma criança que me deixou profundamente triste, ela me contou que sua mãe disse a ela que livros eram bobagens e ela não ia perder o tempo com aquilo.
Então me responde uma coisa Brasil, como é que a escola vai trabalhar isto se em casa já existe uma barreira enorme?
Bom mais este texto é pra eu bater na tecla que o livro é uma grande porta para o mundo, quanto mais a leitura se torna assídua mais possibilidades o ser humano encontra.
As histórias são uma parte importante no desenvolvimento infantil, através dela certamente se aguça a criatividade, o senso crítico a escrita mais harmônica e correta.
Não adianta achar que vamos formar leitores na adolescência ou na vida adulta, raramente alguém vai tomar gosto pelo hábito de leitura quando mais adulto.
Eu leio para meu filho desde que ele estava na barriga e assim fiz até não querer mais que lesse pra ele. Hoje ele tem 17 anos, claro que como todo adolescente não gosta de ler, ou diz que não, para fazer parte da turma do contra, mas eu sinto muito orgulho quando ele tira nota máxima em redação. Certeza isto deve-se ao fato de nós termos estimulado desde sempre a leitura e assim me sinto com o dever de mãe e bibliotecária cumpridos.
Se você quer um conselho leia para seu filho, pois você lendo mostra a ele que também se interessa pelos livros.
Escolha livros lúdicos, coloridos se seu filho for pequeno, crianças são muito visuais, opte por livros com histórias curtas. Até os 8 anos o poder de concentração das crianças é menor, sendo assim, não insista em histórias longas, pois vai desinteressa-la e você vai ficar frustrado.
Procure a cada final de história mostra a ela os valores positivos transmitidos pela leitura.
Lembre-se que ler é viajar, então aproveite o passeio, vá na janela e aprecie a paisagem.
Se você tiver tempo depois da leitura discuta um pouco sobre a história, pergunte ao seu filho se ele daria um final diferente para aquela narrativa.
Um outro projeto muito legal que fiz em uma escola, foi que eu contava o livro pras crianças até perto do final e a proposta é que elas pensassem como terminava o livro e no próximo encontro cada um contava como foi seu final.
E confesso foi uma experiência incrível, pois saiam finais inusitados. A intuito não era acertar o final, pois não era uma competição e sim era para aguçar a criatividade e a concentração, pois pra ela inventar um final ela tinha que prestar muita atenção. Foi um trabalho muito positivo.
Fica a dica pra você usar com seu filho, conte a história até perto do final e o deixe imaginar como termina aquela história.
Não desanime, Monteiro Lobato deixou-nos além de inúmeras histórias maravilhosas a celebre frase: “Um país se faz com homens e com livros.”
Ruymar Marazo Soares
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Meu filho tem só 1 ano e não gosta que eu conto nenhuma história, e é porque eu leio ele desde a barriga não todo dia, mas toda semana. Quando eu tento ler pra ele, ele levanta e vai andar a casa. Se eu insistir dele ficar sentado, ele chora.